A Velha Ordem “modernista” cairá por diversas razões, e se
assim não fosse ela não cairia.*
Existem questões consideradas “clássicas” como a revolta dos
povos colonizados, a indignação dos explorados internos do império e a
insatisfação das pessoas esclarecidas de toda parte, sempre associado à
decadência dos valores e dos costumes.
A “gota d’água” será a questão ambiental, que tampouco
representa nenhuma novidade, já que desde que existe a sedentarização este
assunto é coisa sensível na humanidade, a qual tem muitas vezes deixado atrás
de si desertos e a desolação.
As estruturas coloniais se debilitarão - serão atacadas, boicotadas,
abandonadas ou ruirão. As sociedades exploradas, colonizadas ou insatisfeitas
farão pressão para se apoderar destas estruturas.
As guerras clássicas são porém um dos fatores de maior
evidência nas dinâmicas de apoderamento (guerra colonialista) e eventual queda
e debilitação (guerra anti-colonialista, invasões, revoluções, etc.).
Dinâmicas de
renovação
Quando ocorrem movimentações sociais, algumas forças
capitais atuam para instar, organizar e direcionar estas situações.
Os impulsionadores
são os guerreiros (função militar).
Os organizadores
são os políticos (função social).
Os orientadores
são os filósofos (função intelectual)
Naturalmente todas estas coisas podem ou devem se achar mais
ou menos entremescladas, sejam dentro de cada pessoa, grupo ou mesmo entre elas.
A título de esclarecimento, vamos apresentar as seguintes
analogias com a Trimurti indiana:
a. Brahma, o
Criador ................ os filósofos
b. Vishnu, o
Preservador .......... os políticos
c. Shiva, o Destruidor
............... os guerreiros
Não seria difícil tentar “dar nome aos bois”, porém tal
coisa serviria apenas como exercício intelectual ou de “futurologia”.
Ocorrerão invasões e não se pode prever exatamente de que
direção ou dimensão. Porém isto não significa que serão tão dramáticas como são
as ocupações colonialistas ou alguma política de terra arrasada que sucede mais entre inimigos crônicos (delenda Carthago), e sim algo mais
libertário e desestabilizador como fizeram os chamados bárbaros através da
História; afinal o enfraquecimento dos impérios sempre facilita as rebeliões
internas nas nações colonizadas.
Chico Xavier teria trazido “informações” sobre a possibilidade de ocupações mundiais em
todo o Hemisfério Sul após 2019, caso estoure uma nova Guerra Mundial e o
Hemisfério Norte se torne praticamente inabitável. Porém isto não pode ser
considerado realmente uma “profecia”, mas simples análises intelectuais de tendências,
sujeitas inclusive a discussões sobre a coerência geopolítica dos enunciados, e
onde a crise ambiental entra apenas na esteira da Guerra e não como fator das
ações anti-ecológicas sistemáticas como tem acontecido (verdade
é, contudo, que a crise ambiental deriva das ações de Estados belicistas).**
Assim, pode haver invasões, mas aquilo que mais deveríamos
considerar é o próprio livramento das
pressões colonialistas, tendo estas sim como as verdadeiras forças invasoras a
serem afastadas. Quando os bárbaros derrubaram Roma ou a China, eles não
estavam exatamente invadindo território estranho.
Algumas vezes os bárbaros apenas atacaram para debilitar as
estruturas-de-poder, esperando que os setores insatisfeitos da população
fizessem o resto. Alguns invasores foram por isto tidos pelos povos como
libertadores.
Outras vezes trataram de renovar, reformar ou até
desconstruir a administração dos impérios, dando maior liberdade às nações. A
chamada “noite medieval” se deve em boa parte à ordem desconstrutiva imposta
pelas sociedades bárbaras à Europa, conjugada com as ideias fraternas e
monoteístas do Cristianismo tidas na época como revolucionárias e agregadoras.
As categorias críticas que se costuma usar para ler este
período são meramente aquelas ditadas pela burguesia, as quais os filósofos materialistas
admiradores da burguesia “compraram” sem rever, porque acharam que assim lhes
convinha, o que representa todavia uma falácia porque a burguesia não é nenhuma
tutora intelectual isenta ou inconteste do proletariado ou de qualquer outra
categoria social.
Contudo, a conjugação medieval da ordem guerreira-espiritualista,
é muito distinta da “dialética” materialista moderna centralizada no duo
burguesia-proletariado.
Quando terminarmos de colher os males produzidos por esta
última –males talvez de uma extensão jamais concebíveis sobre o planeta Terra,
e que sabemos não deverá tardar a serem conhecidos-, já não teremos receio de
pesar cada coisa como realmente merece.
As forças da
reconstrução
Assim, o melhor seria limitar-se a avaliar as dinâmicas
internas das nações sob um quadro de livramento que de novas invasões.
Caso
estas aconteçam a situação poderá não ser muito diversa, uma vez que dificilmente
existem invasões sem renovação e mudanças interfaciais.
Por esta razão trataremos de dar nomes locais aos nossos
“bois”. Para isto voltamos também às categorias antes nomeadas: guerreiros,
políticos e filósofos.
“Guerreiros”. Diversas
facções politizadas urbanas e rurais se fortaleceriam e tratariam de ocupar sítios
e fazendas (por
sua vez os proprietários também poderão “abrir” as suas terras para os movimentos
sociais), assim como as pequenas cidades e bairros de cidades grandes. Não
haverá para onde fugir -dirão-, ou nos inserimos nos novos paradigmas ou seremos destruídos. Os diversos grupos visarão os seus chamados "alvos-táticos". Vândalos e anarquistas, em especial, fariam
o papel de “novos bárbaros”, e poderão disseminar o terror e o medo nas cidades
grandes para que as pessoas abandonem estes locais desumanos, estéreis e
artificiais. Não se pode porém ignorar a força do crime organizado, que teria
poder de dominar facilmente bairros e pequenas cidades, e eventualmente ensaiar
atividades politizadas (como já acontece mesmo mais do que se imagina), afinal
estas duas coisas facilmente se intercomunicam. Os riscos da atuação das máfias
também devem ser considerados nesta hora, servindo de desafio para todas as categorias
da renovação.
“Políticos”. Além dos guerreiros mais
politizados, existem certas militâncias políticas inovadoras, associadas ao
socialismo e ao ambientalismo, que podem atuar dentro e fora de partidos.
Também seria de esperar o ressurgimento de forças nacionalistas, como uma
síntese apurada destas tendências, através de uma forma de
“nacional-ambientalismo” por exemplo. Dando ordem e corpo social consistente às
atividades iniciais dos guerreiros, os políticos fariam assim o novo discurso
social para as populações nos bairros, vilas e cidades, cuidando dos meios-de-comunicação e demonstrando as
novas formas de economia popular e ambientalista. Naturalmente a demagogia se
infiltrará sob muitas formas, e aqui entra o papel crucial da categoria
seguinte.
“Filósofos”. A
função da filosofia é dar direção para as coisas. O ser humano tende a atuar de
maneira instintiva e impulsiva, sem maior reflexão e conhecimento-de-causa. O
desequilíbrio e os radicalismos são males que comprometem o resultado das ações
humanas. A missão da filosofia é harmonizar para realmente progredir. O
principal objetivo dos “filósofos da reconstrução” será orientar as sociedades
espiritualmente, mas nisto eles também buscarão influenciar os guerreiros e os
políticos. Os novos
filósofos são ecumênicos e ambientalistas, porém devem eles mesmos alcançar as sínteses
devidas para poder auxiliar a humanidade e sair do isolamento, compreendendo o
avanço das tendências religiosas mais recentes como é o franciscanismo e
socializando devidamente os seus próprios saberes, atuando em cidades sustentáveis
e em comunidades alternativas sociais.
Para alcançar tudo isto, várias formas novas de organização deverão
ser postas em prática. A internet seria quiçá denunciada como uma forma de
monopolizar os meios de informações democráticos a serviço do "Grand Father”, de modo que as pessoas retornariam aos poucos para
os meios independentes de comunicação como é o rádio amador, a correspondência física, pombos-correio, etc.
O dinheiro será abolido e substituído pela troca e a doação.
Como o supérfluo e o acúmulo serão descartados, juntamente com a
cultura-de-massas, tampouco haverá razão moral para a existência do dinheiro.
Assim, a verdadeira Nova Ordem aos poucos se irá delineando, para além das quimeras dos velhos poderes corrompidos do passado.
Assim, a verdadeira Nova Ordem aos poucos se irá delineando, para além das quimeras dos velhos poderes corrompidos do passado.
* O termo “velha ordem modernista” ainda pode servir para
comunicar aquilo que se pretende para as pessoas em geral, que é a futura transição
para o pós-contemporâneo sob uma possível queda do capitalismo. Nas divisões usuais
das Idades derivada
dos historiadores franceses, estamos da Idade Contemporânea desde a Revolução Francesa, havendo porém
outras visões -ver aqui,
de onde citamos apenas isto: “A época moderna pode ser considerada, exatamente, como uma
época de ‘revolução social’ cuja base consiste na "substituição do modo de
produção feudal pelo modo de produção capitalista". Este “modo de
produção capitalista” prossegue hoje todavia (pese os paralelos socialistas), e que os ingleses em especial abarcam sob a expressão "Tempos Modernos", a mesma usada por Charlie Chaplin no seu famoso filme.
** Publicada postumamente em 2011 (Xavier faleceu em 2002), tratar-se-ia
de comunicação feita a terceiros no ano de 1986, durante o último grande ápice
da corrida armamentista, lançada pelo cowboy
Ronald Reagan com o propósito de esgotar a União Soviética, no que se considera
ter tido sucesso.
Na verdade, o famoso médium detalharia apenas uma América do Sul
repartida entre as grandes nações desenvolvidas, citando por alto a África
e a Austrália que supõe-se não obstante ter destino semelhante. Mesmo aceitando
que os meridionais seriam assim tão impotentes para reagir ante nações de tal forma
arrasadas, soa complicado crer num compartilhamento geral destas terras entre
as grandes potencias, mais fácil seria imaginar a tendência delas meramente
“atravessar o Equador” –por assim dizer- como fizeram em outras ocasiões.
Participe também dos debates em nosssos facegrupos:
"Com todo o meu respeito por Xico Xavier que me parece ter sido uma pessoa séria, mas, a meu ver, a velha ordem está a cair, sim, de facto, mas já se levanta uma outra: os países BRICS, os países liderados pela China que fazem parte da Organização de Xangai, que são praticamente todos os países asiáticos, o que significa mais de 2/3 da humanidade. A velha ordem está a cair, ou seja, O Ocidente, EUA, Canadá, Austrália, Inglaterra, e Europa, esta última se continuar a portar-se como vassala dos EUA, a China já é praticamente a maior potência económica mundial, e é melhor não falar do aspecto militar. É melhor começar a procurar-se informação fora dos meios habituais e canais de informação ocidentais, e provavelmente ter-se-á uma grande surpresa. Não simpatizo muito com este tipo de filosofias apocalipticas! Informação sobre os BRICS é praticamente ignorada em Portugal, país provinciano e periférico, e neste momento com dirigentes politicos que são apenas e unicamente vassalos e criados dos grandes senhores que governam o mundo. E, apesar de tudo, os povos e cidadãos europeus estão neste momento a começar a abrir os olhos e a revoltar-se." (comentário de Natercia Pedroso no facegrupo “Que futuro para a Humanidade”)
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